-Presidente da Câmara dos Deputados falou em entrevista sobre a dificuldade na articulação para a aprovação da reforma da Previdência-
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (28), em entrevista ao programa GloboNews Miriam Leitão, que o governo do presidente Jair Bolsonaro precisa demonstrar se pretende governar com o Congresso Nacional.
Na entrevista, veiculada na noite desta quinta-feira (28), Maia falou sobre a articulação entre os parlamentares e o governo para a aprovação da reforma da Previdência no Congresso.
Questionado sobre a dificuldade de Bolsonaro em ter interlocutores claros com o Congresso, Maia afirmou que hoje é possível “enxergar” que o responsável no governo pela articulação com o Legislativo será o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
“Eu acho que agora já está chegando num ponto em que você já consegue enxergar que o ministro Onyx vai tomar conta da articulação com o Poder Legislativo”, disse o presidente da Câmara.
Ele afirmou ainda que é importante que os parlamentares tenham uma referência de quem é o responsável pela articulação.
“É importante que a gente tenha a referência, porque tendo a referência, a gente vai ter a informação de como o governo pretende dialogar com a Câmara, que tipo de coalizão ou não ele pretende ter com o Poder Legislativo e se ele pretende governar com o Poder Legislativo ou não. Também é uma decisão”, complementou Maia.
Coalizão
Durante a entrevista, o presidente da Câmara falou sobre o papel de articulação que ele próprio vem exercendo na tentativa de conquistar apoio para a proposta de reforma da Previdência.
Segundo ele, ao construir sua candidatura para comandar a Câmara, ele deixou claro qual era a agenda que defendia. Por isso, explicou Maia, “não é possível” que ele não tenha um “envolvimento” com a agenda econômica liberal do governo. Ele ressaltou, porém, que, antes de exercer qualquer tipo de liderança na aprovação da reforma, ele precisa “organizar” a base aliada.
“Agora, a gente precisa, antes de exercer qualquer liderança, tentar organizar junto com líderes o que vai ser a tal maioria que o governo precisa para aprovar as reformas”, disse.
Apesar de admitir o papel de articulador da proposta, Maia negou que o DEM, partido ao qual é filiado e que possui o comando de três ministérios, faça parte do governo. Segundo o presidente da Câmara, o partido tem três ministros que não foram escolhidos por eles, mas sim pelo próprio Bolsonaro, em uma espécie de cota pessoal do presidente.
Benefício de Prestação Continuada
Maia também falou à GloboNews sobre um dos pontos da proposta de reforma da Previdência, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para os idosos carentes.
Na proposta do governo, esse benefício de um salário mínimo iria para idosos de mais de 70 anos, com uma variação de R$ 400 para 60 a 70 anos. Hoje, o salário mínio é pago para idosos a partir de 65 anos.
Nesta quinta, Bolsonaro admitiu durante café da manhã com jornalistasque pode haver alguma revisão sobre o BPC.
Maia disse que ouviu, em uma entrevista do secretário especial de Previdência do Ministério da Economia, Leonardo Rolim, que o impacto do BPC no orçamento previdenciário é “quase nada”.
Segundo ele, se os cálculos demonstrarem “de fato” que o impacto é pequeno, é um “risco desnecessário” tentar aprovar a proposta com essa previsão.
“Se o impacto é pequeno, o risco é grande. Vai se correr um risco desnecessário”, defendeu.