Apoio federal e mercado interno salvaram tilápia no 1º mês de tarifaço

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Vendas externas recuaram 21,6% em agosto e setor busca alternativas, mas enfrenta barreiras sanitárias

As tarifas adicionais impostas pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto, já provocaram mudanças no setor de peixes de Mato Grosso do Sul. A principal consequência foi o redirecionamento da venda de tilápia, peixe mais exportado para o mercado norte-americano, para o consumo interno, além da suspensão da produção voltada à exportação.

Segundo a professora Christiane M. Pitaluga, da Esan (Escola de Administração e Negócios) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o impacto na tilápia segue a mesma lógica de outros produtos tarifados, como a carne bovina. “Essa produção foi suspensa, interrompida. Não se fala ainda em demissão no setor, haja vista que algumas empresas de alimentos já estão redirecionando esse produto para o mercado interno”, explicou.

Hoje, entre quatro e cinco empresas de alimentos localizadas no sul do Estado exportam tilápia para os EUA, utilizando tanques aterrados e tanques-rede, principalmente na divisa com São Paulo. O processo de exportação exige cuidados rigorosos, como o momento exato de retirada do peixe, embalagens adequadas e transporte aéreo, fatores que elevam os custos.

Christiane destacou que políticas públicas federais, como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), ajudaram a reduzir o impacto. O programa permite que escolas adquiram itens tarifados, como a tilápia, sem necessidade de licitação, garantindo o escoamento da produção.

Mesmo assim, a preocupação no setor é grande. O governo federal busca novos mercados, como o asiático e o europeu, mas cada país exige adaptações sanitárias específicas. “Embora os Estados Unidos sejam rigorosos, as regras variam de país para país. É preciso adequar-se às exigências de cada vigilância sanitária”, pontuou a professora.

Criação de peixes em Mato Grosso do Sul, no sistema tanque-rede. (Foto: Divulgação/Semadesc)

Dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) mostram que em agosto as exportações de filés e outras carnes de peixes congelados, frescos ou refrigerados somaram US$ 678,5 mil, com todo o volume destinado aos EUA. O resultado representa retração de 21,6% em relação a julho, quando foram exportados US$ 865,4 mil. Na comparação com agosto de 2024, entretanto, houve aumento de 396%, já que naquele mês o valor exportado foi de apenas US$ 136,7 mil.

Para o professor Odirlei Fernando Dal Moro, também da Esan/UFMS, é improvável que o setor consiga repor rapidamente as perdas do mercado norte-americano. “É importante diversificar clientes e buscar o mercado asiático, que tem sido uma grande alternativa. No entanto, os resultados não ocorrem em curto prazo. Possivelmente, com esse tipo de medida, o Brasil vai diminuir a vulnerabilidade externa no que diz respeito às exportações para os Estados Unidos”, avaliou.

Mato Grosso do Sul é um dos maiores exportadores de tilápia do Brasil. Em 2024, foram 438,9 toneladas exportadas pelo Estado, o que gerou uma receita de US$ 1,72 milhão. Os Estados Unidos são o principal comprador.

Fonte: Ketlen Gomes – Campo Grande News
Foto: Divugação/Semadesc

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